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O que é Vitiligo?

Por que ocorre e como controlar: saiba como lidar com esse problema que atinge mais de um milhão de pessoas no Brasil

Dia 1° de agosto é Dia Nacional dos Portadores de Vitiligo. Pensando nisso, a dermatologista Luciana Garbelini, da Clínica Luciana Garbelini de São Paulo, explica mais sobre essa questão de pele e como a dermatologia atua ajudando os pacientes a conviverem melhor com o vitiligo. 

Há ainda preconceito com relação a doença. E está relacionado pelo fato de o problema apresentar manchas brancas ou diferença de coloração da pele – principal característica do vitiligo – que são bem visíveis em pessoas acometidas por ele. “Qualquer estereótipo sobre vitiligo está relacionado com a falta de conhecimento a respeito do assunto. Essa doença não é uma condição transmissível. É uma manifestação cutânea que pode ter relação com questões imunes e emocionais, porém suas causas ainda não estão totalmente estabelecidas dentro da medicina,” diz Luciana Garbelini.

Tipos e características

O vitiligo se manifesta com lesões de hipopigmentação (perda de coloração) e não apresenta sintomas prévios. “Simplesmente as manchas começam a surgir”, diz a especialista. Mas há diferenças entre os quadros da doença, de acordo com a localização das manchas. “Existe a manifestação segmentada ou unilateral, no qual as manchas se formam só em um lado do corpo – algo bem frequente de acontecer em jovens. Porém, o tipo mais comum pertence à categoria não segmentada ou bilateral, na qual as manchas acometem duas partes ou membros do corpo, como as duas mãos, por exemplo.” 

Outra característica é que o tamanho das manchas pode variar. “Além disso, elas começam a se desenvolver por extremidades. E sua evolução apresenta períodos de estagnação, mas com o tempo as áreas acometidas tendem a aumentar,” explica a dermatologista.

Causas e Diagnóstico 

A causa exata do vitiligo ainda não é totalmente compreendida, mas há fatores genéticos, ambientais e imunológicos associados a essa condição. Alguns dos principais fatores incluem: 

  • Alterações autoimunes, onde o sistema imunológico ataca os melanócitos. 
  • Predisposição genética, com histórico da doença na família. 
  • Lesões na pele, como queimaduras ou exposição a substâncias químicas. 
  • Eventos de estresse ou trauma emocional, que podem desencadear ou piorar a doença. 

O diagnóstico do vitiligo é feito por um dermatologista, que observa os sinais e sintomas da doença. As manchas brancas que aparecem de forma característica em áreas específicas do corpo são normalmente suficientes para o diagnóstico. No entanto, em alguns casos, podem ser necessários testes adicionais, como uma biópsia das manchas para verificar a presença ou ausência de melanócitos. Exames de sangue também podem ser recomendados para avaliar possíveis fatores autoimunes relacionados ao vitiligo.

Sintomas do Vitiligo 

O sintoma mais visível do vitiligo é o surgimento de manchas esbranquiçadas em áreas do corpo mais expostas ao sol, como mãos, rosto, braços e lábios. Essas manchas costumam começar pequenas e únicas, podendo aumentar em tamanho e quantidade ao longo do tempo se não forem tratadas. Embora a condição seja mais comum em indivíduos de pele mais escura, pode afetar pessoas de qualquer tipo de pele. 

Em alguns casos, o vitiligo não se limita à pele e pode afetar os cabelos e pelos, causando descoloração, e até mesmo levar a alterações na sensibilidade da área afetada. No entanto, é importante esclarecer que o vitiligo não é causado por microrganismos e, portanto, não é contagioso. Tocar na pele de alguém com vitiligo não representa risco de transmissão. 

Tratamentos

Ainda não há cura para o vitiligo. Mas existem várias opções de tratamentos para ajudar a amenizar o quadro, e a indicação de cada um depende do nível de desenvolvimento da doença e suas causas. “O diagnóstico é clínico, uma vez que a doença apresenta características bem específicas e de fácil identificação. Questões genéticas também têm relevância no diagnóstico, assim existe a chance do paciente ter uma herança familiar e predisposição para o desenvolvimento do quadro, o que é levado em conta na hora de fazer a análise. ”

Dentre as opções de terapias, é possível associar tratamentos para ajudar com a lesão – evitando que ela aumente – a medicamentos que estimulam a repigmentação da pele. Além da possibilidade do uso de diversos tipos de fototerapias – aplicação da radiação eletromagnética através de laser e LED – para amenizar o quadro. “Existem ainda casos que apresentam indicação cirúrgica nessa busca por melhorar a parte ‘estética’ do vitiligo, inclusive sendo possível fazer transplante de melanócito,” diz a médica. 

Além disso, a recomendação é ter muito cuidado com o sol. “As áreas atacadas pelo vitiligo não possuem células responsáveis pela produção de melanina, assim é fundamental o uso do filtro solar”. Isso porque a condição torna os pacientes muito mais propensos a desenvolverem problemas de pele, principalmente câncer, por não apresentarem essas células que são uma proteção natural da pele contra os raios solares. 

Mas a principal preocupação dos dermatologistas, além da questão dos outros problemas de pele que podem surgir a partir disso, é o envolvimento do gatilho emocional. “ É uma doença que mexe com a aparência, e consequentemente também com a autoestima. Resultados de qualquer tipo de tratamento podem se tornar mais difíceis de serem alcançados se essa questão também não for tratada em paralelo.”  

Como se vê, o vitiligo é um problema que requer atenção, mas pode ser controlado. “O processo de repigmentação, por exemplo, gera resultados bem satisfatórios. Deixa o tom de pele uniforme e a doença se torna mais imperceptível visualmente. Buscar alternativas que estimulem o bem-estar e a saúde emocional e psicológica faz com que o quadro se mantenha controlado e os resultados muito mais assertivos.”

Sobre Dra. Luciana Garbelini

Dermatologista Formada pela Universidade de Santo Amaro. Residência médica em Dermatologia na Universidade de Santo Amaro

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Manchas de Sol: causas, tratamentos e prevenção

A dermatologista Luciana Garbelini dá dicas de cuidados em casa e indica os melhores procedimentos estéticos

Os dias quentes de verão podem trazer alguns danos à pele. Nessa época as pessoas se expõem ao sol com maior frequência e é comum surgirem manchas escuras, especialmente no rosto. Por isso, a dermatologista Luciana Garbelini, da Clínica Luciana Garbelini de São Paulo, dá dicas de cuidados e de procedimentos estéticos para melhorar o aspecto da pele nesses casos.

O Que São Manchas de Sol? 

As manchas de sol resultam do excesso de produção de melanina, o pigmento que dá cor à nossa pele e a protege dos raios UV. Os raios do sol danificam as células produtoras de melanina, levando a uma hiperpigmentação em áreas específicas da pele. É importante ressaltar que, embora essas manchas sejam comuns, elas podem ser evitadas com práticas adequadas de proteção solar. 

5 Tipos de Manchas de Sol 

  1. Sardas (Efélides): Essas pequenas manchas escuras, frequentemente chamadas de sardas, são causadas pelo excesso de melanina na pele. Embora sejam parcialmente determinadas geneticamente, as sardas se tornam mais visíveis com a exposição ao sol. Geralmente, elas não indicam problemas de saúde e são comuns em pessoas de pele clara. 
  2. Manchas Senis (Lentigo Solar): As manchas senis são pequenas manchas escuras que aparecem, principalmente, em pessoas idosas. São causadas pela exposição prolongada ao sol. Os raios UV requerem muito tempo para causar essas manchas, e, portanto, elas são mais comuns em indivíduos mais velhos. 
  3. Melasma: O melasma se manifesta como manchas escuras maiores no rosto, frequentemente observadas em mulheres devido a fatores hormonais. A exposição ao sol intensifica a coloração do melasma. O uso de protetor solar é altamente recomendado, especialmente na área afetada. 
  4. Queratose Actínica: Estas lesões ásperas e, às vezes, avermelhadas, podem ocorrer em várias partes do corpo devido ao acúmulo de danos solares ao longo dos anos. Embora não sejam cancerosas, as queratoses actínicas são consideradas lesões pré-cancerosas e requerem tratamento adequado. 
  5. Hiperpigmentação Pós-Inflamatória: A hiperpigmentação pós-inflamatória ocorre quando a pele escurece após uma lesão ou inflamação cutânea. Embora geralmente desapareça com o tempo, pode ser mais persistente em peles mais escuras. Portanto, o uso de protetor solar e a exposição responsável ao sol são fundamentais.

Como Remover Manchas de Sol 

Existem vários tratamentos que podem ajudar a clarear manchas de sol na pele: 

1) Tudo começa pela proteção solar

A proteção solar diária é fundamental, mesmo com o fim do verão. “O ideal é que na época de exposição solar mais intensa os cuidados sejam redobrados para prevenir as manchas. Mas, caso elas surjam, o uso do protetor solar continua sendo importante para que não se desenvolvam ainda mais. Além disso, existem protetores com função clareadora que atuam nas regiões pigmentadas e ajudam a clarear as áreas acometidas”, explica a doutora Luciana.

A recomendação é usar protetor com cor de base, pois este tem uma proteção superior. Assim como ficar atento ao Fator de Proteção Solar (FPS), que deve ser de no mínimo 30. Tanto no protetor solar com cor quanto no caso do tradicional. E também buscar entre esses produtos aqueles que contam com ação clareadora. A dermatologista ainda explica que a pigmentação pode ocorrer também com a luz visível, por isso, deve-se associar à fotoproteção filtros físicos, que têm compostos minerais, tais como óxido de zinco ou dióxido de titânio. Além disso, não esquecer que a frequência também importa: “É necessário reaplicar o protetor a cada quatro horas”, diz ela.

2) Escolha os ativos e ácidos clareadores certos

A escolha dos produtos usados em casa pode ser uma arma poderosa no combate contra as manchas. Ativos com ação clareadora são ótimas pedidas, pois ajudam a clarear e uniformizar a pele. A vitamina C é um das substâncias usadas para este fim, pois ela inibe a ação da tirosinase, enzima que age na formação da melanina, e causa a pigmentação da pele. Além disso, é uma ativo que ajuda na proteção solar, contribuindo com a ação dos filtros solares.

Outra substância indicada para clarear manchas é o retinol. Ele é derivado da vitamina A e contribui no combate da hiperpigmentação. Ainda provoca uma esfoliação suave na superfície da pele, o que ajuda a melhorar a  textura e a luminosidade. A orientação é que seja utilizado à noite. “Vale ressaltar que ele combinado com a vitamina C potencializa o tratamento”, diz a médica.

Os ácidos também podem ser incluídos na rotina noturna de cuidados. O destaque é para o ácido tranexâmico, que funciona muito bem com todos os tipos de manchas, inclusive o melasma. “Esse ácido consegue inibir a conversão do plasminogênio em plasmina, uma substância liberada sempre que a nossa pele sofre uma agressão, como exposição ao sol, inflamação da acne ou um machucado. A plasmina estimula fatores inflamatórios que vão aumentar a produção de melanina na pele. Com isso, ao inibir essa substância, não há o estímulo da produção de melanina e da inflamação”, explica Luciana que também comenta que essa é uma característica diferente de outros ácidos clareadores que, em geral, atuam inibindo a enzima tirosinase, responsável pela produção de melanina.

De acordo com a médica, ele pode ser usado de forma tópico, de uma a duas vezes ao dia, e como suplemento por via oral. “Segundo estudo, mostrou-se uma melhora ainda maior no tratamento contra melasma quando combinados”, comenta ela.

3) Procedimentos estéticos que merecem destaques

Hoje, existe uma ampla variedade de procedimentos estéticos que podem ser combinados aos cuidados que se tem em casa. Os peelings químicos são altamente recomendados para tratar manchas superficiais, e com profundidade média. São realizados com ácidos, como o retinóico (que funciona da mesma forma o retinol, sendo que mais potente já que ele tem concentrações mais altas). “Por meio de uma reação química, as camadas mais superficiais da pele são destruídas. Como resultado, acontece um processo de cicatrização pelo próprio corpo, promovendo uma renovação da pele. E fazendo com que os pigmentos sejam eliminados”, esclarece a médica.

Um tratamento realizado em consultório que tem se mostrado eficiente no tratamento de melasma é o ácido tranexâmico por meio do microagulhamento com ‘drug delivery’. “Através de pequenos canais abertos na pele (que podem ser realizados com laser ou dermaroller) o ácido é aplicado de forma mais profunda e direta”, explica ela.

O laser Q-Switched também é uma boa opção para o tratamento de melasma, e outras manchas. “A energia do laser penetra na pele, destruindo as lesões pigmentadas superficiais e profundas. Esse tipo de laser gera menos calor na pele, o que o torna um bom candidato no tratamento de manchas, uma vez que o efeito térmico pode piorar o quadro”, esclarece. “Outra alternativa é a Luz Intensa Pulsada, que por meio da emissão de luz, age na camada superficial, clareando manchas, principalmente as manchas senis, pequenos vasos e sardas”.

A dermatologista ressalta que os produtos e tratamentos devem ser indicados por um médico especializado, de acordo com cada caso e tipo de mancha. “Após uma avaliação, é possível orientar a melhor estratégia de tratamento”, finaliza.

Prevenção de Manchas de Sol 

A melhor maneira de lidar com as manchas de sol é a prevenção. Aqui estão algumas dicas essenciais: 

  1. Use Protetor Solar Diariamente: Aplique protetor solar com amplo espectro e FPS adequado, reaplicando-o ao longo do dia. 
  2. Evite Exposição ao Sol em Horas de Pico: Evite o sol entre as 10h e 15h, quando os raios são mais intensos. 
  3. Proteja-se da Luz Visível: Além dos raios UV, a luz visível de dispositivos eletrônicos também pode causar manchas na pele. Considere protetores solares com proteção de amplo espectro. 
  4. Mantenha a Pele Hidratada: A pele hidratada é mais resistente aos danos do sol. Hidrate bem a pele antes e após a exposição solar. 

Lembrando que, enquanto as manchas de sol são comuns, a prevenção e a proteção solar são essenciais para manter uma pele saudável e radiante. Consultar um dermatologista pode ser o primeiro passo para lidar com manchas de sol e desenvolver uma rotina adequada de cuidados com a pele.

Sobre Dra. Luciana Garbelini

Dermatologista Formada pela Universidade de Santo Amaro. Residência médica em Dermatologia na Universidade de Santo Amaro

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Genética e a pele

A genética pode influenciar na saúde da pele?

A pele é o maior órgão do corpo humano, e como tal tem complexidades. Suas características são definidas por muitos fatores, que podem ser classificados ou terem natureza extrínseca e intrínseca. Dentro deste último grupo está a genética. Assim, por meio de uma análise genética é possível conhecer particularidades da pele, como predisposições a doenças e transtornos de pigmentação, o que ajuda a direcionar cuidados e tratamentos.  “O olhar para as origens pode ser como olhar para o futuro, principalmente se tratando da pele”, diz a dermatologista Luciana Garbelini.

Doenças e a genética

De acordo com a médica, muitas doenças de pele têm causas ou tendências genéticas. Alguns exemplos são psoríase, vitiligo, dermatite atópica e até câncer de pele. Além da acne e melasma, que também podem ter predisposição genética.  “Assim, conhecer o histórico familiar e até mesmo realizar um exame que avalia o DNA da pessoa são ferramentas poderosas para ajudar no diagnóstico aos primeiros sinais da doença ou de alguma alteração cutânea. Também pode ajudar na sua prevenção, já que ao saber da predisposição, a pessoa pode evitar uma série de situações que estimulem o desencadeamento da doença. E até estabelecer uma rotina de cuidados mais adequada às especificidades daquela pele”.

Cor da pele e suas características

A cor da pele está relacionada com a sua pigmentação. Esta se caracteriza pela quantidade de melanina que o corpo produz e é definida por fatores genéticos. Peles claras possuem baixa quantidade de melanina. Por esse motivo, estão mais suscetíveis à ação do fotoenvelhecimento. “Por ser uma pele sensível ao sol, para garantir a proteção é recomendado o uso de filtro solar que protege contra os danos causados pela radiação UVA e UVB. Nesse caso, o fator de proteção solar (FPS) deve ser 50 ou maior”, afirma a médica. 

Elas ainda podem ser mais propensas a manchas decorrentes da idade, como as melanoses, que são marcas de coloração castanha causadas pela exposição solar. “Produtos com hidroquinona na composição são recomendados por ser um agente despigmentante. Como resultado, promove o clareamento gradual das manchas. Além dele, o retinol, substância derivada da vitamina A, é recomendado para clarear manchas. Ainda provoca uma esfoliação suave na superfície da pele, o que ajuda a  melhorar a textura e a luminosidade. No entanto, o uso deve ser realizado durante a noite e é necessária a aplicação de protetor solar na rotina diária”, lembra a dermatologista.

Por outro lado, quem tem pele escura possui alta quantidade de melanina, assim os efeitos do fotoenvelhecimento tendem a ser menores. No entanto, essas pessoas estão propensas a distúrbios de pigmentação relacionados, por exemplo, a lesões causadas por acne. De acordo com a especialista, investir em dermocosméticos que apresentam na composição ativos antioxidantes como a Vitamina E e a Vitamina C pode ser interessante.

Pessoas com fototipo mais escuro também estão mais suscetíveis ao surgimento de melasma. Nesse caso, a médica recomenda o uso de produtos à base de ácido tranexâmico. “Esse ácido inibe a ação da plasmina, uma substância liberada sempre que a nossa pele sofre uma agressão e que gera o aumento da produção de melanina na pele. Pode ser usado de forma tópica, de uma a duas vezes ao dia, e como medicamento via oral”, diz doutora Luciana. Outra alternativa é o uso de peelings, lasers e luz pulsada que possibilitam o clareamento e estimulam a renovação do tecido. 

Ela explica que as peles escuras tendem a ser oleosas devido à maior produtividade de glândulas sebáceas. “A proteção solar deve ser realizada com produtos que preferencialmente não apresentem óleo ou outras substâncias que estimulam as glândulas sebáceas. E para auxiliar no controle da oleosidade é indicado o uso de produtos à base de ácido salicílico e ácido glicólico”, afirma.  

Por fim, a médica ressalta que o cuidado com a pele é algo especial e que cada paciente exige um tratamento dermatológico específico. Por isso, a importância de procurar um médico especialista para cuidados personalizados.

Sobre Dra. Luciana Garbelini

Dermatologista Formada pela Universidade de Santo Amaro. Residência médica em Dermatologia na Universidade de Santo Amaro

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Desvendando o microbioma da pele

Entenda um pouco mais sobre os organismos que fazem parte da flora cutânea

Esse tipo de expressão, em um primeiro momento, pode parecer um pouco estranha. Mas se associarmos ela a outro órgão, como o intestino, fica mais fácil de entender. A flora intestinal, como costuma ser conhecida, é composta por um conjunto de microrganismos – principalmente bactérias – que vivem nesse ambiente e desempenham diversas funções ao estarem em condições propícias para sua conservação, manutenção e multiplicação. Mas esse tipo de ecossistema não existe só no intestino. “Diversos órgãos do corpo humano possuem bactérias e fungos ‘do bem’ que compõem a microbiota dessas regiões, sendo a presença deles fundamental para o equilíbrio da saúde humana,” explica a dermatologista Luciana Garbelini. 

Porém, falar sobre o microbioma da pele é algo recente. “O tema ecossistema cutâneo não era tão divulgado, principalmente fora do ambiente acadêmico. No entanto, esse olhar para a pele de uma forma mais micro e como isso pode impactar no todo, é importante para manter o seu equilíbrio. Por isso, torna-se um assunto interessante de ser abordado e que vem ganhando destaque”.

Qual a principal função do microbioma da pele?

A principal função do microbioma da pele é proteger o seu corpo contra doenças. Ele atua como uma muralha defensiva, evitando a entrada de micróbios prejudiciais. Além disso, ele contribui para o equilíbrio e a saúde da pele.

No entanto, é importante notar que a composição do microbioma varia de pessoa para pessoa. Quando ocorre um desequilíbrio nessa comunidade microbiana, conhecido como disbiose da pele, podem surgir problemas cutâneos, como acne e outras condições de pele. Assim, cuidar do microbioma é fundamental para a saúde da pele.

O Desafio da Disbiose da Pele

A disbiose da pele ocorre quando a composição, proporção ou diversidade dos microrganismos na pele está desequilibrada. Este desequilíbrio pode ser causado por diversos fatores, como o uso de produtos que alteram o pH da pele, má alimentação e outras condições que afetam o corpo.

Quando o microbioma da pele está desequilibrado, a pele torna-se suscetível a micróbios nocivos, o que pode resultar em inflamações, irritações e o acúmulo de toxinas no corpo. Portanto, é vital escolher produtos de cuidados com a pele que não perturbem o equilíbrio natural da pele, especialmente aqueles com um pH neutro.

Mais proteção

Uma das principais funções da pele é ser a primeira barreira do organismo. É um dos órgãos mais expostos, estando em contato direto com o meio externo. Por isso, precisa de uma ‘ajuda extra’ para conseguir se manter saudável e desempenhar suas funções. “É aí que entra a flora cutânea, como uma capa de proteção para a pele – que já é o nosso obstáculo natural contra diversas ameaças”, lembra a especialista.

A médica conta que os organismos que vivem na epiderme encontram ali o ambiente adequado para se manterem, sem causar danos ao outro lado. Ao mesmo tempo em que essas bactérias ‘do bem’ conseguem promover um equilíbrio local, o que acaba favorecendo a região em que se encontram.

O desequilíbrio

As alterações dessa flora podem ser causadas por diferentes fatores. Hábitos alimentares e de vida podem influenciar nesse desequilíbrio, tais como sedentarismo, consumo de açúcares brancos e alimentos processados e período de sono reduzido.  “Mudanças nessa microbiota podem deixar a pele mais seca e sensível, e como consequência mais vulnerável. Inclusive, ficando propensa a desenvolver acne, dermatite atópica ou alergias e até psoríase.” 

A pele é um órgão que somatiza e reflete bastante os desequilíbrios internos. Então, questões psicológicas e emocionais também são refletidas e acabam afetando a microbiota. “Por exemplo, secreções como oleosidade e suor podem passar por alterações por conta disso”, explica a médica.   

Em adicional, itens de higiene que prometem alta limpeza acabam removendo essa proteção natural da pele, retirando em excesso às bactérias, fungos e a oleosidade que estão ali com a função de contribuir como mais uma barreira. “A partir dessa retirada, os organismos patogênicos se aproveitam de uma área desprotegida e se instalam. E se essas condições ‘ruins’ se mantêm, esses microrganismos nocivos acabam se proliferando e causando problemas.” 

Como preservá-la?

Hidratar a pele é essencial para manter um ambiente propício aos organismos benéficos que a habitam, protegendo-a. A doutora Luciana destaca a importância dos produtos com ativos prebióticos, que estimulam um ambiente mais rico para esses seres. Assim como repomos possíveis bactérias com probióticos para nosso organismo, o mesmo ocorre com a pele. Além disso, fornecer alimento para esses microrganismos é crucial, e os produtos prebióticos desempenham esse papel.

Hábitos saudáveis também são fundamentais para preservar esse microbioma. A prática regular de atividades físicas, o consumo adequado de água, uma alimentação equilibrada e um sono adequado são exemplos que contribuem para esse processo.

Para manter a saúde e equilíbrio do microbioma da pele, algumas medidas são essenciais:

  • Escolha cuidadosamente os produtos de skincare, optando por aqueles formulados para o seu tipo de pele e evitando ingredientes que possam perturbar o pH cutâneo.
  • A hidratação regular é crucial para fortalecer a barreira protetora da pele, escolha um hidratante adequado para equilibrar o microbioma.
  • Evite lavar o rosto excessivamente, já que isso pode remover a oleosidade natural da pele. Limpe suavemente duas vezes ao dia.
  • Sua dieta desempenha um papel fundamental na saúde da pele. Consuma alimentos ricos em nutrientes, como frutas, vegetais, proteínas magras e vitaminas.
  • Gerencie o estresse, pois pode afetar o microbioma da pele. Pratique atividades relaxantes como exercícios físicos, meditação e yoga.
  • Evite o uso excessivo de medicamentos, já que alguns podem desequilibrar o microbioma da pele. Use-os apenas conforme prescrito por um profissional de saúde.

Sobre Dra. Luciana Garbelini

Dermatologista Formada pela Universidade de Santo Amaro. Residência médica em Dermatologia na Universidade de Santo Amaro

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Guia de cuidados com a pele após os 45 anos

Dicas para manter a saúde e o viço da pele perdidos com a idade

Com o passar dos anos, o corpo muda, e com ele os cuidados que se têm com a pele precisam ser adaptados. Aqui a dermatologista Luciana Garbelini compartilha as melhores dicas para as mulheres de mais de 45 anos manterem uma pele nutrida, bonita e saudável.  

Limpeza em dia

Como em qualquer rotina de cuidado com a pele, conservar a pele limpa é fundamental. No entanto, a médica explica que à medida que as mulheres envelhecem, principalmente após a menopausa, acontecem alterações hormonais que fazem com que o corpo produza menos óleo. “Como resultado, já que a pele torna-se menos oleosa – e, em alguns casos, até ressecada – a lavagem do rosto pode ser mais suave, com sabonetes neutros, principalmente os líquidos e cremosos. No entanto, sempre lembrar de fazê-la, pois é por meio dela que os poros são desobstruídos e os ativos usados posteriormente são absorvidos com mais facilidade”, explica a médica. 

Outra etapa de limpeza que não se deve deixar de lado é a esfoliação. Nas peles maduras, ela é ainda mais indicada porque ajuda a uniformizar a textura e recuperar a luminosidade da pele, características que vão se perdendo com o tempo. No entanto, é necessário cuidado, uma vez que a pele é mais fina e delicada. Nesses casos, a esfoliação física deve ser feita com frequência menor: uma vez por semana após a limpeza da pele.  “A indicação é não exagerar na intensidade da pressão aplicada durante a esfoliação, já que isso também pode contribuir para a sensibilização cutânea”, diz Luciana.  

A esfoliação química pode ser associada para deixar a pele ainda mais uniforme e sedosa. É importante, porém, usar o ativo adequado a cada tipo de pele. O ácido glicólico é uma boa opção. Além de renovar a pele e remover as células mortas, esse ativo estimula a produção de colágeno, suavizando as linhas de expressão e rugas. Nesse caso, doutora Luciana indica produtos em creme e com percentagens menores do ativo para não descamar e ressecar a pele. 

Vale reforçar a hidratação e sustentação da pele

A pele madura torna-se mais seca e opaca, por conta da redução da oleosidade. Além disso, a partir dos 45 anos, os níveis de ácido hialurônico, colágeno e elastina (substâncias produzidas naturalmente pelo corpo e responsáveis por hidratar e dar sustentação à pele) diminuem consideravelmente. Esse processo começa a acontecer bem antes por um conjunto de fatores internos e externos, mas intensifica-se com a proximidade da menopausa. Por isso, para reparar e hidratar, é interessante usar um hidratante que tenha ácido hialurônico na sua formulação. “É um ativo muito recomendado para as peles maduras em concentrações mais altas. Junto a ele, recomendo outros ativos hidratantes, como vitamina B5, vitamina E, e probióticos”, explica a doutora Luciana.

Outra indicação para ajudar na firmeza e sustentação da pele é o ácido retinóico. Derivado da vitamina A, ele é de uso tópico e aumenta a reserva de colágeno e elastina, além de ajudar a clarear a pele. “É usado durante a noite, logo após o hidratante, já que nesse período a pele tem um poder de absorção maior e consegue realizar um processo de regeneração mais intenso. O retinol é usado ainda para tratar a flacidez da área dos olhos, que se acentua mais a partir dessa idade”, acrescenta

Ações contra manchas

Ao longo do tempo e principalmente nessa faixa etária, as peles mais claras que foram muito expostas aos raios ultravioletas podem desenvolver manchas chamadas melanoses. Escuras e arredondadas, podem surgir no corpo todo. Por isso, a doutora  Luciana recomenda não relaxar com a proteção solar. “Investir em protetores com Fator de Proteção Solar (FPS) de no mínimo 30 e repassar o produto com frequência ao longo do dia são cuidados básicos e importantes para prevenir manchas na pele”, ressalta a dermatologista. 

De acordo com ela, para uma proteção extra, é possível também usar outros produtos que contam com FPS. Mas isso não exclui a aplicação do protetor solar posteriormente. Além disso, os protetores com cor são boas opções. Eles ajudam formando uma barreira física contra os raios ultravioletas. “Manchas já existentes podem ser melhoradas lançando mão de ativos como a vitamina C, que atua nas manchas, clareando-as, e ainda funciona como um antioxidante, combatendo os radicais livres. Para esse objetivo, são usados produtos com concentrações mais altas do ativo, mais de 10%”, esclarece. Outra opção é o Retinol que também ajuda a combater a hiperpigmentação da pele. 

Existe também a possibilidade de realizar procedimentos estéticos no consultório.  Laser, luz pulsada, e peelings são algumas das opções usadas para combater o quadro. “Os tratamentos são indicados de acordo com cada caso e tipo de mancha”, finaliza a médica.

Sobre Dra. Luciana Garbelini

Dermatologista formada pela Universidade de Santo Amaro. Residência médica em Dermatologia na Universidade de Santo Amaro

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