Por que ocorre e como controlar: saiba como lidar com esse problema que atinge mais de um milhão de pessoas no Brasil
Dia 1° de agosto é Dia Nacional dos Portadores de Vitiligo. Pensando nisso, a dermatologista Luciana Garbelini, da Clínica Luciana Garbelini de São Paulo, explica mais sobre essa questão de pele e como a dermatologia atua ajudando os pacientes a conviverem melhor com o vitiligo.
Há ainda preconceito com relação a doença. E está relacionado pelo fato de o problema apresentar manchas brancas ou diferença de coloração da pele – principal característica do vitiligo – que são bem visíveis em pessoas acometidas por ele. “Qualquer estereótipo sobre vitiligo está relacionado com a falta de conhecimento a respeito do assunto. Essa doença não é uma condição transmissível. É uma manifestação cutânea que pode ter relação com questões imunes e emocionais, porém suas causas ainda não estão totalmente estabelecidas dentro da medicina,” diz Luciana Garbelini.
Índice
ToggleTipos e características
O vitiligo se manifesta com lesões de hipopigmentação (perda de coloração) e não apresenta sintomas prévios. “Simplesmente as manchas começam a surgir”, diz a especialista. Mas há diferenças entre os quadros da doença, de acordo com a localização das manchas. “Existe a manifestação segmentada ou unilateral, no qual as manchas se formam só em um lado do corpo – algo bem frequente de acontecer em jovens. Porém, o tipo mais comum pertence à categoria não segmentada ou bilateral, na qual as manchas acometem duas partes ou membros do corpo, como as duas mãos, por exemplo.”
Outra característica é que o tamanho das manchas pode variar. “Além disso, elas começam a se desenvolver por extremidades. E sua evolução apresenta períodos de estagnação, mas com o tempo as áreas acometidas tendem a aumentar,” explica a dermatologista.
Causas e Diagnóstico
A causa exata do vitiligo ainda não é totalmente compreendida, mas há fatores genéticos, ambientais e imunológicos associados a essa condição. Alguns dos principais fatores incluem:
- Alterações autoimunes, onde o sistema imunológico ataca os melanócitos.
- Predisposição genética, com histórico da doença na família.
- Lesões na pele, como queimaduras ou exposição a substâncias químicas.
- Eventos de estresse ou trauma emocional, que podem desencadear ou piorar a doença.
O diagnóstico do vitiligo é feito por um dermatologista, que observa os sinais e sintomas da doença. As manchas brancas que aparecem de forma característica em áreas específicas do corpo são normalmente suficientes para o diagnóstico. No entanto, em alguns casos, podem ser necessários testes adicionais, como uma biópsia das manchas para verificar a presença ou ausência de melanócitos. Exames de sangue também podem ser recomendados para avaliar possíveis fatores autoimunes relacionados ao vitiligo.
Sintomas do Vitiligo
O sintoma mais visível do vitiligo é o surgimento de manchas esbranquiçadas em áreas do corpo mais expostas ao sol, como mãos, rosto, braços e lábios. Essas manchas costumam começar pequenas e únicas, podendo aumentar em tamanho e quantidade ao longo do tempo se não forem tratadas. Embora a condição seja mais comum em indivíduos de pele mais escura, pode afetar pessoas de qualquer tipo de pele.
Em alguns casos, o vitiligo não se limita à pele e pode afetar os cabelos e pelos, causando descoloração, e até mesmo levar a alterações na sensibilidade da área afetada. No entanto, é importante esclarecer que o vitiligo não é causado por microrganismos e, portanto, não é contagioso. Tocar na pele de alguém com vitiligo não representa risco de transmissão.
Tratamentos
Ainda não há cura para o vitiligo. Mas existem várias opções de tratamentos para ajudar a amenizar o quadro, e a indicação de cada um depende do nível de desenvolvimento da doença e suas causas. “O diagnóstico é clínico, uma vez que a doença apresenta características bem específicas e de fácil identificação. Questões genéticas também têm relevância no diagnóstico, assim existe a chance do paciente ter uma herança familiar e predisposição para o desenvolvimento do quadro, o que é levado em conta na hora de fazer a análise. ”
Dentre as opções de terapias, é possível associar tratamentos para ajudar com a lesão – evitando que ela aumente – a medicamentos que estimulam a repigmentação da pele. Além da possibilidade do uso de diversos tipos de fototerapias – aplicação da radiação eletromagnética através de laser e LED – para amenizar o quadro. “Existem ainda casos que apresentam indicação cirúrgica nessa busca por melhorar a parte ‘estética’ do vitiligo, inclusive sendo possível fazer transplante de melanócito,” diz a médica.
Além disso, a recomendação é ter muito cuidado com o sol. “As áreas atacadas pelo vitiligo não possuem células responsáveis pela produção de melanina, assim é fundamental o uso do filtro solar”. Isso porque a condição torna os pacientes muito mais propensos a desenvolverem problemas de pele, principalmente câncer, por não apresentarem essas células que são uma proteção natural da pele contra os raios solares.
Mas a principal preocupação dos dermatologistas, além da questão dos outros problemas de pele que podem surgir a partir disso, é o envolvimento do gatilho emocional. “ É uma doença que mexe com a aparência, e consequentemente também com a autoestima. Resultados de qualquer tipo de tratamento podem se tornar mais difíceis de serem alcançados se essa questão também não for tratada em paralelo.”
Como se vê, o vitiligo é um problema que requer atenção, mas pode ser controlado. “O processo de repigmentação, por exemplo, gera resultados bem satisfatórios. Deixa o tom de pele uniforme e a doença se torna mais imperceptível visualmente. Buscar alternativas que estimulem o bem-estar e a saúde emocional e psicológica faz com que o quadro se mantenha controlado e os resultados muito mais assertivos.”
Sobre Dra. Luciana Garbelini
Dermatologista Formada pela Universidade de Santo Amaro. Residência médica em Dermatologia na Universidade de Santo Amaro